*Por Eduarda Tolentino
Tempo, tempo, tempo, tempo. Na voz suave de Caetano Veloso, essa palavra até pode soar com tranquilidade, mas, para uma construtora, significa um desafio constante. Afinal, o atraso para entregar os empreendimentos na data prometida é uma das principais causas de insatisfação dos clientes.
Por isso, as empresas da construção civil precisam ter na ponta do lápis todos os cenários que podem ocasionar obstáculos na execução de uma obra. Caso contrário, não é apenas a relação com os compradores que enfraquece, como também a imagem da companhia no mercado.
Impactos do atraso – Reputação nenhuma sai ilesa depois de um atraso. Para entender isso, basta um exercício rápido: como você passa a enxergar um restaurante após os pratos pedidos demorarem mais do que o esperado para chegar? Provavelmente, com maus olhos. Então, se atrasos pequenos assim já causam manchas na reputação, quando falamos em imóveis, a gravidade só aumenta.
E com razão, visto que a maioria das pessoas espera a entrega do apartamento como a conquista da tão sonhada casa própria. Assim, as construtoras, além de perderem credibilidade no mercado, também sofrem com penalidades contratuais, estipuladas nos momentos de venda.
Sem falar no olhar feio do mercado após a empresa ganhar a fama de atrasada. Esse rótulo nada agradável tem o potencial de destruir negócios, já que parceiros e fornecedores irão em busca de organizações que cumprem com os acordos estabelecidos. Até a participação em licitações públicas é afetada, devido ao histórico desfavorável.
Relacionamento é a chave – Ao elencar os principais vilões dos atrasos dos empreendimentos, é fácil identificar boa parte deles: excesso de burocracia e custo, falta de gestão e condições climáticas. Todos esses pontos são importantes.
Entretanto, pouco se fala na relevância do relacionamento entre as áreas internas da construtora. Isso porque, em uma construção, os setores da empresa só conseguem entregar suas demandas a tempo quando contam com o apoio pontual de outros segmentos.
Assim, investir em um planejamento integrado que garanta o fluxo de comunicação contínuo, aliado à gestão de cronograma e ao Sistema de Gestão de Projeto (SGP), trata-se de uma boa precaução contra os atrasos.
Ainda ter uma rotina regular de reuniões entre as equipes, com o intuito de deixar todas as áreas na mesma página, funciona bem. Esse tipo de prática também favorece o fortalecimento de uma cultura pautada na responsabilidade, em que todos os profissionais, independentemente do setor, sentem-se parte ativa pelo sucesso geral do projeto.
Atrasou, e agora? – Mesmo tomando todas as medidas protetivas contra atrasos, às vezes, ele pode acontecer – faz parte do jogo. Nessas horas, é o momento de ativar o botão de gestão de crises e partir para ação. Entre as decisões necessárias, reajustar o cronograma de atividades e aumentar a quantidade de mão de obra são os primeiros passos.
Em conjunto, é essencial direcionar a atenção aos nós críticos do projeto, ou seja, os pontos que têm maior impacto sobre a data de término. No entanto, nada adianta acelerar a obra se a qualidade for por água abaixo.
Ao mesmo tempo que a velocidade aumenta, é preciso reforçar a comunicação entre os setores para evitar que novos imprevistos aconteçam. Aqui, os departamentos de controle de qualidade, de obras e de gestão de mudanças devem tomar as rédeas da situação e guiar as equipes pelo melhor caminho.
Planejamento redondo desde o começo – Como diz o ditado: o que começa atravessado, termina atravessado. Na construção civil, isso não muda. O projeto que já dá seus pontapés iniciais da forma errada dificilmente consegue se recuperar no meio da execução das obras e entregá-las na data estipulada.
Logo, desde as primeiras reuniões para criar um empreendimento, os times devem detalhar toda a estratégia que será colocada em prática pelos próximos meses. Nesse detalhamento, entram tópicos centrais, como gerenciamento de suprimentos, sustentabilidade e segurança, monitoramento e controle do andamento e financiamento estável.
Na BRZ, nos atentamos a esses tópicos e, para sermos ainda mais ousados, definimos dois cronogramas: um com o banco financiador e outro interno da empresa. Essa aplicação faz com que consigamos entregar os projetos sempre antes do prazo contratualmente estabelecido com os clientes.
E os números comprovam: das 25.406 unidades entregues e construídas até hoje, o que corresponde a 89 empreendimentos, todas aconteceram antes do prazo.
Assim, como alguém que lida diariamente com esse dilema da entrega, assino embaixo quando dizem que não é uma tarefa fácil. Porém, seguindo essas ideias, somadas ao olhar atento às particularidades de cada projeto, é possível entregar as obras no tempo certo e, o mais importante, com a qualidade prometida.
*Eduarda Tolentino é Sócia e Presidente do Conselho de Administração da BRZ Empreendimentos